Para os verdadeiros audiófilos, um gira-discos não tem comparação. O vinil tem um som impossível de imitar noutros formatos e de qualidade verdadeiramente superior.
O vinil é eterno: o seu som é inigualável, de tal forma que os mais apaixonados pela música, apesar de a ela terem acesso de forma rápida e gratuita (ou não existisse a Internet), optam por adquirir discos de vinil.
Os gira-discos podem variar bastante no preço, dependendo da marca, componentes usados e características. Vamos elucidá-lo acerca destes pormenores, para que faça a melhor escolha na altura de comprar um destes aparelhos e possa desfrutar a 100% do seu som ímpar.
Que tipo de gira-discos vou querer?
Braço automático ou manual?
Os braços automáticos descem automaticamente e pousam no início dos discos, voltando à sua posição de repouso após a leitura. Os gira-discos automáticos estão prontos a usar, não requerem afinação, a operação é mais prática e a maioria pode ser ligada a um sistema hi-fi sem necessidade de entrada Phono dedicada.
Já os braços manuais devem ser colocados e retirados manualmente. Estes são muitas vezes vendidos sem a cabeça, necessária para a leitura do disco. Estes modelos são mais flexíveis, uma vez que permitem mudar o braço, a cabeça, o motor, o prato, entre outros componentes.
Regra geral, os modelos com braços manuais requerem entrada especial ou pré-amplificador para ligação ao sistema de alta-fidelidade, podem precisar de afinação e a agulha tem de ser manipulada no início e no fim da reprodução.
Tal como existem gira-discos automáticos (ou semiautomáticos) de grande qualidade, também é possível encontrar gira-discos manuais relativamente acessíveis e fáceis de usar.
Tração direta vs Tração por correia
Há dois formatos principais de gira-discos: a tração direta e a tração por correia. Apesar do primeiro ter uma rotação mais rápida — dando início à música mais rapidamente — é o segundo que a maioria dos ouvintes de música preferem, devido à maior qualidade do som.
A tração por correia torna o gira-discos mais silencioso e reduz a vibração para melhorar o áudio. A vibração perturba o bom funcionamento da agulha e pode resultar em distorção.
Nesse sentido, os aparelhos de maior qualidade tendem a usar plataforma de madeira em vez de plástico oco — o peso é favorável. Procure um prato que também seja pesado – alumínio fundido ou acrílico sólido são superiores ao plástico ou metal fino.
Existem duas velocidades nas quais a maioria dos discos é reproduzida: 45 rpm (singles) e 33-1 / 3 rpm (álbuns).
Muitas plataformas giratórias modernas incluem um pré-amplificador embutido. Esta é uma ótima opção que permite a reprodução através de um altifalante conectado ou sistema mini estéreo através da entrada AUX.
Finalmente, o potencial de atualização é uma consideração importante. Ou seja, se acha que poderá querer aprimorar o som do seu equipamento no futuro, considere gastar um pouco mais num modelo que lhe permita substituir e atualizar os componentes.
Qualquer disco de vinil pode ser reproduzido no meu gira-discos?
Os discos têm diferentes tamanhos, espessuras e até cores. Se optar por um leitor de vinis de duas velocidades, poderá reproduzir praticamente qualquer coisa (exceto os registos já descontinuados de 78 rpm), incluindo discos comprimidos de 180g.
Pode precisar de um adaptador para 45 rpm, mas a maioria dos fabricantes inclui um na caixa.
A cabeça e a agulha: dois componentes fundamentais
Dois dos componentes mais importantes em qualquer plataforma giratória são a cabeça e a agulha. Têm um enorme impacto na forma como um disco será reproduzido. Ambos são componentes substituíveis.
O braço de som oscila sobre o disco e depois baixa para que a cabeça seja posicionada sobre o início da primeira música, por forma a que a agulha repouse numa ranhura na superfície do disco. A agulha é o diamante que encaixa no vinco do disco.
As versões mais caras usam um diamante puro, enquanto as outras são de metal com ponta de diamante. A agulha desgasta-se com o uso, mas é facilmente substituída, independentemente do modelo que tiver.
A cabeça é o resguardo da agulha. O seu objetivo é converter as vibrações da agulha num sinal elétrico que se torna música.
A maior parte das cabeças são do tipo íman móvel — ou MM —, embora as de gama mais elevada possam ser de bobina móvel — ou MC. No primeiro caso, são cabeças de encaixe P-Mount, que facilitam a instalação direta no braço sem ter de recorrer a ferramentas. No segundo, não possuem agulha amovível, pelo que têm de ser integralmente substituídas quando a agulha se gasta.
A atualização para uma nova cabeça é uma das principais maneiras de aprimorar o som geral de um gira-discos: basta escolher uma substituição que use o mesmo tipo de encaixe (P-Mount ou Standard Mount).
Prato e tapete
O prato é a parte giratória do gira-discos, aquele disco redondo do tamanho de um álbum que gira. O peso e a densidade do prato protegem a agulha da vibração. O peso ajuda a manter a velocidade de rotação mais consistente. Quanto mais pesado melhor. O prato é uma opção de atualização para muitos gira-discos. Por exemplo, atualizar para um de acrílico reduz a distorção, reduz a estática e não é necessário um tapete.
A maioria dos pratos exige um tapete, um disco fino de material que fica sobre o prato. O tapete protege o disco, ajuda a mantê-lo no lugar e fornece outra camada para proteger contra vibrações.
A maioria dos tapetes de discos é feita de materiais como feltro, borracha ou cortiça. Eles são facilmente substituíveis e as produtoras às vezes emitem tapetes colecionáveis “registados” com logótipos de bandas ou capas de álbuns.
Ambas as componentes afetam o desempenho geral do áudio.
Funcionalidades extra (e mais modernas)
Um pré-amplificador embutido é uma opção popular que permite que um gira-discos produza áudio diretamente para a entrada AUX de um sistema de áudio. A saída USB permite conectar o leitor de vinis a um PC, um telemóvel, ou a uma pen — possibilidade que pode usar para converter o som em ficheiro digital.
Com a crescente popularidade dos altifalantes sem fios, atualmente alguns destes aparelhos oferecem suporte à reprodução via Bluetooth ou Wi-Fi. Também existem gira-discos portáteis e sistemas estéreo completos que incluem um leitor de vinis.
Limpeza e manutenção
A maior parte dos gira-discos inclui uma capa de proteção contra o pó. Isso evita que componentes delicados fiquem empoeirados quando não estiverem em uso. A manutenção principal que não deve descurar é manter a agulha limpa.
Para além disso, deve garantir que os seus discos de vinis estão limpos. Use uma escova própria para os limpar antes de os colocar para reprodução, de forma a remover o pó e quaisquer detritos da superfície, bem como reduzir a estática.
Os vinis devem ser armazenados na vertical para reduzir o risco de deformação.
Vinil: um clássico
Os CDs com música digitalmente perfeita, a popularidade dos serviços de streaming de música ou qualquer outra opção, não foram suficientes para remeter os vinis para o esquecimento. As vendas de discos de vinil aumentaram quase 12% no ano passado.
Os tempos mudam, mas o vinil permanece um clássico que se recusa a cair no desuso. O som analógico imperfeito, personalizado e natural, é uma grande parte do apelo destes aparelhos.
O som é gravado diretamente da masterização, o que faz com que, desde logo, o vinil tenha melhor qualidade. Para além disso, tem uma maior amplitude e maior resposta de frequência, o que permite que o resultado seja muito mais próximo da gravação original.
A experiência acústica é incomparável, como saberá qualquer audiófilo. Também não é de descurar que os gira-discos são excelentes peças de decoração. Concluindo, se o vinil transcendeu e superou modas e tecnologias, é por algum motivo.
// RPT