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Minecraft tem uma Biblioteca Virtual que escapa à censura

Biblioteca Minecraft - The Uncensored Library

A organização Reporters Without Borders tem divulgado notícias livres de censura ao público por meio de um canal improvável: uma enorme biblioteca que se encontra dentro do popular jogo Minecraft.

Nos países mais restritivos, onde as notícias são censuradas na Internet (como a repressão da China à disseminação de informações em torno da pandemia da covid-19) há um local seguro, onde a censura não consegue fazer-se sentir: a “Biblioteca Sem Censura” no mundo virtual de Minecraft.

“Lá dentro, encontramos artigos e informações sobre jornalistas que são censurados nos seus próprios países”, afirmou o produtor interativo sénior da produtora MediaMonks, Robert-Jan Blonk, que ajudou a construir a biblioteca, em entrevista ao Fast Company.

“Partilhamos essas histórias através dos livros que vivem nessa biblioteca e as pessoas podem lê-las abertamente, porque mesmo nos países de onde esses jornalistas são, é possível jogar Minecraft”, diz Blonk.

A enorme biblioteca digital contém mais de 12,5 milhões de blocos do Minecraft e envolveu 24 construtores de 16 países diferentes para ser construída, um esforço por o qual foi necessário mais de 250 horas para projetar e construir.

Os artigos, embora em formato virtual, são bastante reais e foram escritos por cinco jornalistas oriundos de países onde os governos reprimem a liberdade jornalística e censuram a imprensa nacional, incluindo Rússia, México, Egito, Vietnã e Arábia Saudita.

Mesmo que os censores do governo tentem invadir ou de alguma forma eliminar esta biblioteca, vários outros servidores noutros países estão preparados para protegê-la.

Dentro da biblioteca (a qual também recebeu ajuda nos elementos de design do estúdio BlockWorks e da agência de criação DDB Alemanha), há uma rotunda circular gigante que exibe as bandeiras de países ao redor do mundo. Leitores e jogadores podem simplesmente transferir o jogo e o mapa, “caminhar” com as suas personagens até a ala russa, por exemplo, pegar num livro e ler um artigo do grani.ru, um site bloqueado na Rússia, que informa sobre o governo e os protestos no país.

A jornalista Hatice Cengiz, noiva do jornalista da Arábia Saudita Jamal Khashoggi – que foi assassinado pelo governo saudita – trabalhou com os programadores para ajudar a incluir no jogo os artigos censurados do seu falecido parceiro. Também aparecem artigos de outros jornalistas: Nguyen Van Dai, exilado do Vietname, Javier Valdez, assassinado no México, Mada Masr no Egito e Yulia Berezovskaia na Rússia.

Anunciado no Dia Mundial Contra a Censura Cibernética, o objetivo do projeto é não apenas fornecer acesso ao jornalismo censurado, mas consciencializar acerca das ameaças à liberdade de imprensa em todo o mundo, bem como o que pode acontecer aos jornalistas quando estes tomam uma posição contra os seus governos.

// RPT

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