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A (R)evolução Fold: como os telemóveis dobráveis chegaram aos dias de hoje

A (R)evolução Fold: como os telemóveis dobráveis chegaram aos dias de hoje

O que define os telemóveis dobráveis? Quais foram os avanços e recuos da tecnologia para chegarmos ao que estes equipamentos são hoje? Eis uma breve história da origem e do desenvolvimento dos smartphones mais inovadores da atualidade.

Abrir um livro é entrar num novo mundo. Desde o surgimento de smartphones que passamos a ter todo o mundo na palma da mão. A chegada dos telemóveis desdobráveis, ou foldables, veio desvanecer a diferença entre um mundo ou todo o mundo. Estes são os equipamentos que abrem uma janela, mas exigem ser abertos como um livro. Mais do que isso, esta sensação pode muito bem ser a norma no futuro.

Apesar de terem suscitado a desconfiança dos consumidores quando surgiram, os dobráveis mudaram o conceito dos telemóveis e não há passos atrás no que se refere aos avanços da tecnologia. Este é um resumo da jornada acidentada dos foldables.

 

Tudo começou por um conceito…

Durante muito anos, os telemóveis dobráveis foram um sonho para os fabricantes de equipamentos e para os consumidores. Outros equipamentos tentaram aproximar-se desse conceito lançando telemóveis com dois ecrãs, os quais se aproximavam cada vez mais, mas nunca se uniam.

O termo pode causar alguma confusão quando o ouve pela primeira vez. Afinal, há muitos anos que temos em mãos telemóveis que se dobram. No entanto, esses são os chamados telemóveis de concha — os quais ainda hoje se fabricam, aliás. O termo telemóveis dobráveis indica que estes têm um só ecrã que se dobra de alguma forma, sem quebrar.

A (R)evolução Fold: como os telemóveis dobráveis chegaram aos dias de hoje
Exemplo de um telemóvel de concha

Os primeiros dias dos telemóveis dobráveis e dos ecrãs flexíveis em geral são difíceis de definir. Várias empresas trabalhavam na sua própria abordagem ao formato e ainda não se fazia ideia de qual este poderia ser. Desde 2013 que a Samsung apresenta conceitos do design que esta tecnologia poderia adotar, mas ainda era tudo muito incerto.

No final desse ano, os dois gigantes coreanos da tecnologia — Samsung e LG — lançaram smartphones com curvas subtis no ecrã. O Samsung Galaxy Round distinguiu-se por ser o primeiro smartphone produzido comercialmente a apresentar um display AMOLED flexível. O outro era o LG G Flex. Ambos empregavam tecnologia de ecrã flexível, o que lhes confere as curvas de marca registada.

Estes dois equipamentos divergiam em conceito: a orientação das curvas era diferente. O LG G Flex tinha uma curva horizontal, enquanto o Samsung Galaxy Round tinha uma vertical. Em ambos os casos, a existência destas curvas não pretendia apresentar aos consumidores a ideia de um telemóvel dobrável, mas terá sido os primórdios da tecnologia que tornaria esses aparelhos possíveis.

Foram várias as experiências ambiciosas desenvolvidas por empresas de tecnologia que ofereceram uma visão do que se pretendia como um dispositivo dobrável.

Ainda que a tecnologia de ecrã dobráveis estivesse a anos de ser alcançada, empresas como Samsung e Lenovo exibiam experiências constantemente.

Aliás, a Samsung parecia acertar em cheio ao prever o destino do telefone dobrável. Em 2013, a empresa lançou alguns vídeos apresentando ideias do que poderia ser um foldable. Um vídeo que se destacou em particular foi o exibido na CES naquele ano.

Esse vídeo mostrou o modelo clássico de um telemóvel que se dobra para fora para se tornar um tablet. Este é o DNA que reside em equipamentos como a série Galaxy Fold, a série Huawei Mate X e o Xiaomi Mi Mix Fold.

Poucas pessoas se lembrarão do Drasphone, um conceito que entrou em cena por volta de 2015. Este apresentou um formato até agora não explorado: o smartphone dobrável típico — pelo menos em teoria — teria uma dobradiça. O Drasphone tinha três! Pelo que poderia ser dobrado em zigue-zague.

Em 2016, a Lenovo causou impacto ao exibir algumas das suas ideias sobre o que um smartphone dobrável deveria ser. No evento Lenovo Tech World, o mundo conheceu um telemóvel que, como o Huawei Mate X (primeira geração), se dobrou para fora para ampliar o ecrã externo.

 

Os ‘falsos’ telemóveis dobráveis

Antes da tecnologia ter finalmente atingido a fase desenvolvida, o conceito de telemóvel dobrável passou por uma fase caricata, na qual alguns desenvolvedores se empenharam em lançar para o mercado telemóveis que se diziam dobráveis, mas na verdade não o eram. É o caso do ZTE Axon M, lançado em 2017.

Com um formato semelhante ao atual Galaxy Fold, o ZTE Axon M dobrava, mas não o seu ecrã. Na verdade, em vez de um só, tinha dois ecrãs de cada lado, os quais ficavam do lado de fora quando se ‘fechava’ o telemóvel.

Não muito tempo depois, a LG surgiu com a sua própria visão com o V50, um equipamento muito semelhante e cujos dois ecrãs permitiam que ‘fechasse’ o telemóvel dobrando para um lado e para o outro, deixando os ecrãs da parte de dentro — como se de um livro se tratasse — ou da parte de fora.

Nesta altura, surgiam os verdadeiros telemóveis dobráveis e o mundo tinha, finalmente, na palma da mão a tecnologia de ecrãs que se dobram sem partir.

 

Os (verdadeiros) telemóveis dobráveis

Em 2019 o mundo assistia a uma revolução: era lançada a primeira versão do Samsung Galaxy Fold. Agora sim e pela primeira vez um verdadeiro telemóvel dobrável.

A gama Galaxy Fold representa a aplicação clássica de telefones dobráveis, na qual um smartphone se desdobra num tablet. Estes foram recebidos com partes iguais de ceticismo e encanto. Afinal, um telemóvel com um ecrã que pudesse desdobrar era algo com que sonhávamos há muito tempo.

O consenso geral era que se pudesse pagar — e não tivesse medo de experimentar uma nova tecnologia —, o Fold era uma peça de tecnologia incrível que cumpre as promessas feitas: entregar um display do tamanho de um tablet que cabe no bolso.

Pouco depois seria a vez da Huawei, que entra em cena com o Mate X. Os dois equipamentos eram semelhantes, mas muito diferentes na forma como se dobravam. O ecrã dobrável do Galaxy Fold fica do lado de dentro e desdobra-se quando o telefone é aberto. Já o Mate X tem um ecrã que cobre a parte externa e ‘endireita-se’ quando o telefone é aberto.

Depois disso, a Motorola apresentava-nos o seu híbrido entre um telemóvel dobrável e um em forma de concha: o Razr 2020. Este formato, que se julgava que ficaria para trás na história da tecnologia, faria um come-back muito apreciado na forma do Samsung Flip.

Estes avanços tecnológicos foram importantes para mostrarem as possibilidades de um ecrã que se dobra. No entanto, como é normal acontecerem com as primeiras versões de todas as tecnologias, pouco depois destes smartphones chegarem ao mercado houve relatos de alguns ecrãs com defeito.

Pequenas aberturas entre o ecrã e o chassi dos equipamentos eram a causa do problema. Minúsculas lacunas era o suficiente para que partículas de pó ou de outros objetos estranhos entrassem no dispositivo, o qual, quando aberto, tinha partículas sob o ecrã, pixeis mortos e zonas em que o display não dava resposta. O facto dos ecrãs serem tão ‘moles’ que os dedos deixavam indentações não ajudava à causa.

Este feedback atingiu duramente as empresas e causaram falta de confiança entre os consumidores, que já estavam de pé atrás com esta novidade para começar.

 

Os dobráveis ganham novas formas

Samsung Z Fold 2: pequenas melhorias, grande diferença

Quando o Samsung Z Fold 2 foi lançado em 2020, era tudo o que se poderia desejar na evolução de um telemóvel revolucionário. Os recursos de multitasking foram aprimorados, mais aplicações usufruíam do grande ecrã e o vinco no meio era menos percetível.

No entanto, mais importante do que tudo isso, o belíssimo ecrã de 7,6 polegadas era ainda mais resistente. Estas melhorias provaram que os dobráveis vieram para ficar e acabaram de vez com o receio dos consumidores.

Z Flip: o melhor dos ecrãs dobráveis em formato concha

Revelado num anúncio durante a cerimónia de entrega dos Óscares, em fevereiro de 2020, nos Estados Unidos, o Samsung Z Flip é o culminar do formato concha — que agrada a muitos utilizadores saudosistas — com um ecrã de última geração num exterior futurista.

 

Ao contrário do Galaxy Z Fold, o Z Flip dobra-se verticalmente, como se de um telemóvel de concha se tratasse, revelando um display de 6,7 polegadas quando ‘aberto’. Chamado de ecrã Infinity Flex, o primeiro Z Flip oferecia um modo de ecrã dividido, que permitia usar uma app na metade superior do telemóvel e outra na metade inferior.

A mais recente versão, o Z Flip 3 — apesar de ser a segunda geração, foi assim nomeado para permanecer consistente com o Z Fold 3 — foi anunciado já este ano, em agosto. Este modelo mais recente mantém a aparência elegante, mas é agora um aparelho mais rápido, com melhor performance e melhor na generalidade.

A câmara frontal foi aprimorada e permite que tire uma selfie rápida — mesmo quando o telemóvel está ‘fechado’. A câmara traseira dupla oferece-lhe com facilidade fotos que valem a pena captar. O ecrã frontal de 1,9 polegadas torna a sua vida mais fácil, enquanto o ecrã desdobrável é ainda mais durável do que antes.

Samsung Fold 3: o pico da tecnologia dobrável

Também anunciado em agosto de 2021, o Z Fold 3 agarra no que a gama já tinha de extraordinário e torna-a ainda melhor.

 

A Samsung adicionou a compatibilidade da caneta stylus, um requerimento muito solicitado. Também fizeram alguns ajustes dentro do equipamento, dando ao Z Fold 3 mais robustez — e até mesmo tornando-o à prova de água.

Dito isto, o ecrã que se desdobra sempre será o herói, chegando a impressionantes 7,6 polegadas quando ‘aberto’ e com upgrades para assegurar que melhor resistência a arranhões. Afinal, o Z Fold 3 foi feito para durar.

O melhor de tudo é que a Samsung tornou o Z Fold 3 o mais acessível até agora. Esta é a prova definitiva de que que os ecrãs dobráveis se estão a tornar cada vez mais acessíveis, tal como esperado e previsto.

 

Os dobráveis nos dias de hoje — e no futuro

Hoje, a história é outra. Os telemóveis dobráveis já conquistaram os consumidores por direito. Foram-se os problemas com o ecrã que tanto atormentaram as primeiras versões.

Para além disso, outras empresas também já começaram a percorrer o caminho dos ecrãs dobráveis. A Xiaomi desenvolveu o Mi Mix Fold e a TCL, tanto quanto se sabe no momento, planeia lançar um telefone dobrável no mercado.

Quem sabe onde esta tecnologia poderá chegar: tablets que se desdobram em ecrãs maiores, televisores totalmente desdobráveis e muito mais. Estamos apenas a arranhar a superfície do potencial deste recurso.

Outro fator pelo qual os consumidores anseiam é a redução do preço de entrada. À medida que a tecnologia se torna mais acessível, os preços destes telemóveis ​​caem, seja porque a tecnologia se torna mais barata de fabricar ou porque os dispositivos de gerações anteriores ficam disponíveis.

 

Aparentemente um sonho durante a década de 2010, os telemóveis dobráveis deram grandes saltos na sua jornada para se tornarem a pedra angular da tecnologia moderna. O melhor de tudo é que mais inovações estão a caminho! Mal podemos esperar.

// RPT

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