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A evolução das personagens femininas nos jogos

A evolução das personagens femininas nos jogos

De donzela em perigo que precisa de ser resgatada, a heroína por seu próprio mérito: as personagens femininas nos jogos evoluíram consideravelmente ao longo dos anos. Desde Ms. Pac-Man até Ellie, o caminho foi sofrido, mas na direção certa.

Durante muito tempo o mundo dos videojogos era povoado por testosterona, considerado uma coisa de homens. Pelo que não será de estranhar que poucas eram as protagonistas femininas e as personagens que existiam eram bastante sensualizadas.

Atualmente — e felizmente —, este já não é o caso. São muitas as mulheres que entram e singram no mundo gaming. A indústria não ficou atrás, tendo vindo a desenvolver cada vez mais personagens complexas, inteligentes e fortes do sexo feminino. Aliás, há cada vez mais jogos com protagonistas desse género.

Como forma de as celebrar, vamos compreender o caminho que tiveram de percorrer até aos dias de hoje.

 

Personagens femininas nos jogos: a evolução

1982: Ms. Pac-Man (Ms. Pac-Man)

Originalmente criada para ser uma modificação do Pac-Man — chamar-se-ia Crazy Otto —, Ms. Pac-Man tornou-se na primeira sequela desse jogo depois de os criadores de Pac-Man se envolverem e darem vida à personagem fofa que conhecemos hoje.

A evolução das personagens femininas nos jogos

Apercebendo-se de que haveria bastantes raparigas interessadas em jogar, a empresa desenhou o jogo homónimo propositadamente para apelar a esse público. Embora como personagem Ms. Pac-Man não tenha muita profundidade, o jogo ainda hoje é considerado um dos melhores já criados.

1985: Princesa Peach (Super Mario Bros.)

A personagem Princess Peach surge nos anos 80 como a típica donzela em apuros, que precisa de ser salva por Mario.

A evolução das personagens femininas nos jogos

Com o passar dos anos, a Princesa Peach registou uma verdadeira evolução e deixou de ser uma personagem não-jogável (NPC) para se tornar uma das maiores personagens de videojogos de todos os tempos, com os seus próprios spin-offs. Aliás, é uma das personagens de Mario Kart e Super Smash Bros mais populares.

1986: Princesa Zelda (The Legend of Zelda)

Apesar de emprestar o seu nome ao jogo, o papel principal da Princesa Zelda nos primeiros jogos era ser salva por Link ou ocasionalmente ajudá-lo. Surgiu em 1986, no jogo The Legend of Zelda, e sempre foi retratada como uma protetora sábia para o povo de Hyrule — apesar de precisar de ser resgatada.

A evolução das personagens femininas nos jogos

Com o lançamento de The Legend of Zelda: Ocarina of Time, já em 1998, as coisas começaram a mudar: Zelda provou ser tão capaz quanto Link em contexto de batalha, e não apenas como alguém que precisa de ser resgatado.

1991: Chun-Li (Street Fighter II)

É no início dos anos 90 que o cenário começa a mudar para as personagens femininas nos jogos. Em 1991 é lançado Street Fighter II, um jogo de luta que apresenta uma personagem feminina jogável — apesar de não ser o primeiro a fazê-lo.

Chun-Li pode não ter sido a primeira personagem feminina jogável num jogo de luta, mas definitivamente foi a primeira a tornar-se popular entre as massas. Até porque lutava cara a cara com todos os lutadores do sexo masculino.

A evolução das personagens femininas nos jogos

Desde que surgiu que esta especialista em artes marciais tem sido uma das favoritas dos fãs. Com velocidade, força e uma história muito interessante, Chun-Li abriu o caminho para as mulheres nos jogos de luta.

1996: Lara Croft (Tomb Raider)

A grande viragem entre as personagens femininas nos jogos seria encarnada na icónica Lara Croft, no jogo Tomb Raider lançado em 1996. Ao criar esta personagem, o artista gráfico principal, Toby Gard, deixou bem claro que não queria que fosse mais um estereótipo da época, ou seja, uma “donzela em perigo” ou apenas uma personagem “de fantasia” que apela apenas aos membros do sexo masculino.

Lara Croft é forte, independente e muito inteligente. Para além disso, apesar de a sua figura original se assemelhar a um desenho animado, ela também é humana, com profundidade e personalidade. Os vários reboots deste jogo que se seguiram, mesmo os mais atuais, continuam a mostrar a sua essência feminista: uma heroína credível e um modelo feminino poderoso.

2008: Faith Connors (Mirror’s Edge)

Mirror’s Edge não é um dos jogos mais populares, mas a sua protagonista merece entrar neste artigo. Faith Connors — ou Phoenix Carpenter, como também é conhecida — é uma “runner“: transporta itens para grupos revolucionários que se escondem do governo totalitário.

Através da perspetiva de primeira pessoa, o jogador poderá sentir a atitude ousada de Faith Connors, equilibrada pela estética minimalista do jogo. Numa altura em que os protagonistas de jogos são maioritariamente do sexo masculino, esta personagem destaca-se pela sua personalidade algo rebelde.

2020: Ellie (Last of Us II)

Apaixonamo-nos por Ellie em 2013, quando apareceu ao lado de Joel em Last of Us. Mesmo que Joel fosse a personagem jogável na maior parte do jogo, a relação entre os dois é a verdadeira essência de Last of Us.

Mas foi em 2020 que Ellie ganhou o protagonismo merecido: é a principal personagem jogável em Last of Us Parte II, um jogo que ganhou vários prémios (desde BAFTAs a Game Awards). Ao contrário de Lara Croft, por exemplo, não houve nenhuma tentativa de sensualizar a personagem ou torná-la mais atraente.

Corajosa, mas também gentil, apesar dos traumas que sobreviveu, Ellie é uma das maiores personagens de videojogo de todos os tempos, independentemente do seu género.

 

Esta lista não refere todas as incríveis personagens femininas de videojogos que existem, mas realça algumas que pavimentaram o caminho na construção de personagens fortes, capazes e inspiradoras — que, por acaso, são do sexo feminino.

// RPT

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